sábado, agosto 05, 2006

De música e vida, e muito, muito mais...

O piso de linóleo gasto, as paredes descascadas. A escuridão que reina absoluta, do lado de dentro, quebrada apenas por alguns poucos luminosos que vêm do lado de dentro do balcão onde são servidos os drinques e bebidas. Cadeiras e mesas de madeira escura e gasta. Num dos cantos, um pequeno palco montado.
Assim é o bar mais antigo de Miami, o Tobacco Road. Al Capone costumava sentar-se em uma daquelas mesas nos idos de 1912 e grandes nomes do blues como B.B. King, Koko Taylor, Albert Collins e Jr. Washington já se apresentaram naquele palco estreito e simplório.
Foi lá meu primeiro contato 'real' com o blues, em meados de 1999.
De lá para cá, a música passou a fazer parte da minha vida não mais e apenas como fundo musical, mas como o próprio ar que eu respiro.
Como o sangue que me corre nas veias.
Conheci outros ritmos, outros estilos.
Aprendi a saborear a música, sem me preocupar com o que os outros diziam que era ou não 'de qualidade', mas apenas prestando atenção às sensações que ela despertava em mim.
Descobri minha 'identidade musical', aos 30 anos de idade.
E só eu sei a diferença que isso fez.
Sim, isso mesmo.
Descobri que ao contrário do que muitos supunham, eu era capaz de tomar decisões, e fazer minhas próprias escolhas, e arcar com o peso das consequências, quaisquer que elas fossem.
Uma sussessão de incontáveis - e agradáveis - surpresas, eu diria.
Assim tem sido minha vida desde então.
Descobri-me apaixonada pela vida.
Pelos sons, cores, texturas e sabores.
Pelas pessoas.
Descobri que vale a pena.
Cada segundo entre o viver, e o aprender, é mágico.
É único.
Sim, estar aqui vale muito a pena.


Nina Simone "I put a spell on you"

2 comentários:

  1. Anônimo5:58 PM

    Bianca
    Adorei o seu blog.
    Também eu , depois de 20 anos de interregno -quanto tempo perdido correndo atrás de dinheiro!? - redescobri o "blues" e o verdadeiro sentido desta nossa passagem por aqui.

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  2. Paulo!

    Não é mesmo?
    Quanto tempo ,precioso tempo, gastamos em busca de coisas que deveriam ser sempre secundárias.
    Quanto...quanto tempo.
    Mas é um privilégio dar-se conta disso enquanto ainda é tempo.
    De viver o que é de fato importante.
    De fazer da nossa história mais que uma simples 'passagem'.
    Fico feliz que você tenha gostado daqui. Muito obrigada pela visita!
    =))

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