quinta-feira, novembro 08, 2012

Abrindo janelas


Assim vou chegando, abrindo janelas.
Deixando que a luz retorne, invada.


Sacudindo a poeira de tudo. Um misto de tristeza e euforia, sabe como?
Não. Talvez você não entenda.
Trago comigo notícas.Algumas boas, algumas tristes.
Em janeiro de 2013 estarei retornando ao Brasil , por aquilo que por enquanto estamos chamando "período indeterminado".
Quem sabe um ano, talvez dois ou três?
Este último ano foi um ano cheio de acontecimentos que marcaram e continuam marcando minha vida, profundamente.
Dentre eles a saúde de ambos, meu pai e meu irmão.
Meu pai, hoje com 81 anos, está com a saúde bastante debilitada.
O coração já cansado, não quer mais saber de trabalhar duro, está querendo se aposentar, e não quer negociar. Quer partir, ir.
E meu irmão,diagnosticado com câncer de boca e esôfago no ano passado, hoje está se recuperando de um tratamento violento de quimio e radioterapia.
E quando eu digo "recuperando" eu estou tentando ser otimista.
Ele não está bem, nada bem. O câncer está judiando bastante, drenando, sugando a vida que ainda é, e persiste.
Não faz sentido estar aqui, quando tudo que mais quero é estar aí.
Então eu vou. Vou seguir meu coração, mesmo que esta decisão vire meu mundo de cabeça pra baixo.
D. e eu conversamos um bocado, e ele entende minha necessidade de estar no Brasil, junto da família, daqueles que eu amo. Juntos tomamos a difícil decisão de passar um tempo no Brasil. Quanto tempo, como já disse, nem nós sabemos.
A vida dá voltas, e nestas voltas nos ensina coisas que talvez se tivéssemos a opção de escolher nem gostaríamos de aprender.
Porque certos conhecimentos são como espinhos que machucam.
E o processo de aprendizado pode, a dado momento, vir a ser extremamente doloroso.
Não são todos estes conhecimentos e aprendizados, todas as dores e alegrias,que fizeram de mim a pessoa que sou hoje?
Não é sempre que choro, mas quando choro, choro escondido.
Como agora.
Enxugo minhas lágrimas e faço planos, muitos planos.
Apesar de tudo, acreditem, encontro um jeito de ser feliz.
Tenho tanta vida pra celebrar, tantas coisas boas pra compartilhar, tanta história
pra contar!
Arrumando minha bagagem, minhas "coisinhas", já me sinto com um pé no Brasil.
Estou cheia de idéias e é delas que por hora me alimento.
Vai ser bom estar de volta.
É bom, muito bom estar de volta!
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quinta-feira, março 31, 2011

Tonteria

Não me parece justo que eu retorne sempre que me sinto fraca. Ou que me achegue sempre que careço o abraço. Que negue sempre o que você com jeito manso pede.
Não quero crer que tudo é ou foi em vão, ora. Não, não.

Preciso crer que há uma razão suprema em tudo.

Até mesmo na minha loucura.



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Ocaso

Da mesma forma que um dia revelei-me. Criança.

Da mesma forma que um dia chorei. Mansa.

Da mesma forma que um dia busquei. Perdida.

Assim mesmo ora me encontro. Partida.

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segunda-feira, março 08, 2010

Charlotte Gainsbourg & William Dafoe - Anticristo

Assistir ou não assistir, eis a questão.
Ou melhor, era.
Resolvemos assistir o tão comentado filme.
Tenho que admitir que algumas cenas me perturbaram, como dizer que não?
A cena de auto-mutilação da personagem de Charlotte, e o orgasmo de sangue do personagem de Daffoe me apavoraram, de verdade.
Afora o belo trabalho de interpretação de ambos, o que supostamente era para ser filosófico - se era - não me convenceu.
Duas estrelas.
Uma por ter conseguido prender-me em frente à tela até o final do filme (Sim, eu queria ver o fim, saber como acabava a loucura).
Outra por ter-me motivado a voltar aqui e rabiscar.

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Obs.: este post não é e nem tem pretensão alguma de ser uma "crítica cinematográfica"

segunda-feira, setembro 28, 2009

Ventania

Nem consigo acreditar que o outono chegou.
A mudança de cores na paisagem urbana normalmente castigada pelo cinza seria linda, se não fosse tão melancólica.
Tenho andado um tanto estranha, amarga eu acho.
Tem aquela coisa de querer sempre tudo certo, medo de errar. Não ter tempo de consertar.
A mesma velha sensação de correr contra o relógio.
Há tempos que não vinha aqui e atualizava o blog. E hoje quando releio antigas postagens percebo que não mudei nada.
Ou mudei muito.
Ou os dois, se é que é possível.
Minhas necessidades mudaram. Minhas prioridades são outras.
Mas meus desejos ainda são os mesmos, as vontades ainda me consomem. A urgência de sei lá o quê. Ainda. Anda.
Tem um século que não abro um livro, e mais um outro inteiro que não escrevo.
Medo de não saber mais como faz. Ler e sentir, escrever e derramar. Esparramar o que é óbvio e pobre. E que é pobre porque é tão corriqueiro quanto estúpido.
Esta passarela de quadrinhas, linhas e colunas e palavras. E eu no meio, fazendo fita.
Quanto tempo!!
Tenho intenções de voltar aqui mais vezes, e com mais tempo.
Perdoar-me os erros e só. Não confessar, não.
Coexistiremos, eu ontem e eu hoje, e não farei julgamentos.
É promessa.
Mas não é dívida.


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quinta-feira, abril 16, 2009

Simplicidade

Alguns dias atrás Doug me perguntou o que eu esperava da vida.
A resposta veio pronta: Simplicidade.
Um tanto desconcertado, meio sem entender o significado de minha resposta, pediu que eu explicasse melhor.
A diferença de idiomas é uma barreira insignificante diante da diferença cultural, eu descobri bem cedo.
Somos tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos que às vezes me assusta.
Tentei explicar , mas como se explica ?
A conversa "rendeu". Foram algumas horas debatendo o assunto.
Descobrimos que nossas simplicidades, ora seja, são bem distintas.
Nossa visão do simples é mais distinta ainda.
Acredito que ele alcançou o entendimento.
Diferentes somos nós, e nosso amor.
Simples assim.


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quarta-feira, janeiro 21, 2009

Psiu...shhhh

Não fale nada. Não diga nada.
Deixe que eu conte meus casos, fale mal do tempo ruim, reclame da chuva
e do trânsito.
Que eu gaste uma hora inteira reclamando da minha vida chata e monótona antes de perguntar o que você tem feito, por onde anda, como vai a vida .
Deixe que eu me acostume com a luz que invade a sala e por um momento quase me cega, e que eu sei, é o seu sorriso.
Acredite quando eu digo que senti sim, a sua falta.
Que desejei não uma dezena, mas algumas centenas de vezes o abraço incondicional, a aceitação.
Não pense que me esqueci, não.
Não me queira mal por ser assim tão perdida.
Se existem caminhos nesta vida, então sempre há a possibilidade da volta.
Escute aqui, ninguém é perfeito.
E eu, bem... eu sou este poço sem fundo de imperfeições.
Mas nunca, nunca esqueci você!

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sexta-feira, agosto 08, 2008

Florescendo...

A vida não passa, ela corre, acelera, pisa fundo.
Ao longo dos meses, dos anos, pessoas vêm e vão.
Tornam-se próximas e deixam suas marcas e depois se afastam.
Passam apenas, muitas vezes. Mas ainda assim deixam saudade.
Sem motivo concreto, sem razão aparente. Assim vieram, assim se vão.
Um sorriso bobo, um olhar contente, uma idéia compartilhada, palavras escolhidas a dedo,
para contar a história do que fora feito de toda esta gente.
Transformam-se em estatísticas nas páginas de nossas vidas.
Também eu tenho passado. Passado pelas vidas, pelos lugares.
Tenho ido, tenho ficado.
Passado.

Ouvi de alguém, hoje pela manhã:
"You bloom wherever you're planted".
Talvez eu não tenha apenas passado!

quinta-feira, julho 31, 2008

Sol, açúcar, e afeto

Depois de gastar um bom tempo tentando recuperar minha senha de acesso ao blog e quase desistir... a boa filha à casa torna, como diz meu sábio pai.
Trago notícias, e elas são boas.
Com a chegada do verão e 22 dias de sol eu quase esqueci os maus bocados.
Mas durou pouco. Ontem choveu o dia todo e a previsão para o resto da semana é de chuva.
Ao menos no final de semana o sol deve retornar e com sorte a temperatura deve voltar à casa dos 30 graus.
Nem preciso dizer que não aguardo ansiosa pela chegada do outono e inverno.
Tenho planos de voltar a atualizar o blog, mas não faço idéia ainda de como ou quando.
Eu precisava ao menos agradecer as mensagens de apoio recebidas, dizer que estou bem.
Como um amigo costuma dizer, sou sobrevivente.
Sobrevivo a mim mesma todos os dias, e desta forma me reinvento e adapto às intempéries.
Assim me reconstruo, imune a algumas tristezas e surpreendentemente vulnerável a algumas outras.
Sinto falta daqui. E daí.
Da vida perfeita que nunca existiu e da mulher feliz que fui a despeito de tudo.
Do abraço sempre pronto, de abraçar sempre.
De parar pra um café sem compromisso.
De namorar o doce na vitrine da confeitaria.
De indulgir-me em açúcar e afeto.
De rir. Chorar de rir.
De balançar na rede e andar descalça.
Onde foi que esqueci de mim?

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Tempos difíceis

Então você me olha meio de lado, aquele ar de espanto escancarado estampado no rosto e me pergunta:
"-Por onde andastes??"
Tomo meu tempo, um suspiro profundo:
Tem um tempo? Eu explico.
Melhor, eu respondo. Não, na verdade, eu desabafo.
Senta aqui.
Não...mais perto. Segura minha mão?

- Ansiedade
Origem do termo grego anshein, que significa "estrangular, sufocar,
oprimir".

Estado caracterizado pelo medo, apreensão, mal-estar, desconforto,
insegurança, estranheza do ambiente ou de si mesmo.


Dia desses bisbilhotei por aqui, sorrateira. Como se uma intrusa em meu próprio ninho.
Doeu.
Como tudo nas últimas semanas.
Desculpe, não consigo conter as lágrimas, tem sido assim, dia após dia.
Querem me entupir daquelas estúpidas pilulas.
Coloridas, duas ou três delas.
Restabelecer contatos neurotransmissores.
Nomes difíceis, complicados. Mas é para o meu bem.
Recuperar o equilíbrio é importante.
O cérebro não ajuda, preguiçoso.
Quanto mais eu me esforço, mais difícil me parece.
Não consigo pensar, e quando penso, dói.
Dói o peito, dói , dói.
Comecei escondendo-me dos amigos.
Depois do marido, do filho.


- Depressão
Tristeza profunda acompanhada de sintomas físicos e afetivos, como falta de
energia, cansaço extremo e incapacidade de sentir prazer, melancolia,
irritabilidade, angústia, desesperança.
Evidente alteração da capacidade de captar, sentir e manifestar os
afetos e sentimentos.

Agora, veja só...escondo-me de mim mesma.
Nunca foi tão difícil encarar meu reflexo no espelho.

A verdade é que vim só para dizer que você é importante pra
mim.
Você que tantas vezes me segurou -e ainda segura- a mão.
Você que sempre teve uma palavra generosa, um sorriso sincero, um
minuto reservado do seu tempo tão precioso só pra ouvir o que eu tinha pra
dizer.
Mesmo quando o que eu tinha para dizer nem era importante.

Vim pra tentar explicar, mas desisti.Só quero pedir perdão.

Perdão por ser tão fraca, tão vulnerável.Perdão porque pareço egoísta e frívola quando só o que faço é chorar e reclamar da vida e ter pena de mim mesma, e carregar esta imensa culpa que me pesa nos ombros. Não tenha pena de mim, não!! Se você me conhece sabe o quanto isso me incomoda.Obrigada pela mão amiga, o ombro disponível para as lágrimas incontidas, o afago que conforta . Desculpe a falta de jeito, o abraço desconcertado que parece na verdade querer afastar. Eu volto logo, juro. Assim que juntar meus cacos...eu volto!!