quarta-feira, junho 08, 2005

Da vida que corre indiferente...

Então era assim...
Permanecera estática enquanto ouvia a tudo aquilo que jamais quisera ouvir.
Verdades ou não.
As palavras iam sendo cuspidas em seu rosto e adquirindo formas grotescas
que lhe feriam, sangrando-lhe o orgulho à ultima gota.
Enquanto todos os esforços para que as lágrimas não rolassem pareciam-lhe em vão
O confronto fatal com a própria mediocridade atingia-lhe o estômago em cheio, como um soco.
O escárnio e o desprezo abrindo cortes profundos
A ferida aberta, exposta
Como no cadáver que se perscruta e estuda
A palavra presa na garganta ia e vinha em espasmos nauseantes
O gosto amargo do fel
Olhou pela janela a vida correndo lá fora
O tráfego, os automóveis, os transeuntes
E era como se já conhecesse aquela dor
Girou sobre os calcanhares e alcançou a rua sonhando com a liberdade
Com o dia em que deixaria de ser simplesmente um nada
Para quem sabe ser
Alguém,
Quem sabe,
Um dia...
Quando??

Nenhum comentário:

Postar um comentário