quarta-feira, julho 05, 2006

O sonho III - A minha Macondo

O vento percorria a planície de amapolas e balançava as copas das árvores, morno, como braços que envolviam e abraçavam os galhos, languidamente.
Pessoas cujas feições não me eram estranhas aglomeravam-se para conhecer uma nova engenhoca que misteriosamente emitia sons celestiais em forma de lindas melodias cujas notas eu já conhecia de cor, antes mesmo de tê-las ouvido.
Sentia-me feliz, tão feliz, que a felicidade exalava-me pelos poros, - microscópicas favas - doce.
O perfume de gardênias espalhava-se pelo lugar e eu não saberia dizer de onde vinha, apenas que estava lá, e que era impossível o não senti-lo, inebriante.
As borboletas que voejavam ao meu redor não eram amarelas, porém. Eram coloridas de vermelho e preto, e os desenhos de suas asas lembravam finos e delicados arabescos pintados à mão.
Foi quando uma delas pousou em minhas mãos abertas, que tive a certeza: esperaria por você ainda, até a derradeira madrugada de outono em que meus olhos se fechariam, tranquilos e resignados, para nunca mais voltarem a se abrir.

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