terça-feira, maio 30, 2006

De valises, dedicatórias e ausência de lágrimas

Puxou a valise antiga, carcomida pelas traças e castigada pelo tempo .
As mãos corriam os detalhes, os debruns, as costuras, passeando pelo couro manchado e amarelado.
Demorou-se um pouco mais antes de finalmente abrir a fechadura já gasta e corroída.
Ali, guardadas, suas lembranças cheirando a naftalina.
Na contra-capa do livro, a dedicatória:
"Existem pessoas que lutam um dia, e são boas. Existem pessoas que lutam muito tempo, e são muito boas. Existem pessoas que lutam a vida toda... estas, são imprescindíveis."
Sua coragem e vontade de viver motivam-me.
Sua força me encoraja.
Sua luz me ilumina.
Seu amor me enobrece.
Sou melhor por você e apenas por você.
Você é imprescindível.

Abraçou o livro, e com ele todas as recordações de um passado não tão distante.
Não era tristeza.
Não era melancolia...sequer nostalgia.
Pesar talvez.
Resignada, amargou o choro inexistente.
Devolveu a valise ao seu lugar.
Tudo em seu lugar.
Menos ela mesma.

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