terça-feira, abril 19, 2005

Ao pé do ouvido

Quando falavas de amor, de amar, e querer bem
Eu ria da tua falta de jeito...
Quando me olhavas nos olhos e dizias que neles te perderias para sempre,
Mal suspeitavas que perdida já estava eu,
Inquieta e incrédula diante do amor inesperado.
Quando em teus braços e abraços me perdia
Mãos e toque, sucumbia,
Eras tu a rir da minha alegria infantil...
É que eu não sabia que amar era assim
Que ser amada pudesse ser tão bom.
Quando nos afastamos
- ah que difícil!!-
Achei que serias meu por toda a vida
E tua seria eu, eterna guarida.
É que eu não sabia que amor também vem aos pedaços,
Vem em contas, vem em gotas.
Conta-gotas.
Vem em partes.
Em apartes.
Parte.
Quebra.
Vem o fim.
Quando dizias que me amavas,
Que tola fui por duvidar!

sexta-feira, abril 15, 2005

...

Pelo vidro do carro o céu de um azul que incomoda , chamando a tristeza de lado.
Janelas abertas, ar quente de um verão que já se foi insinuando-se outono adentro.
Mãos trêmulas, coração pulsando descompassado.
É a vida, pensei.
A me chamar, a me instigar , num torturante desafio: abandonar a concha.
Seria possível que toda a dor, todo o cansaço, toda a mágoa ... simplesmente evaporassem com
as ultimas gotas de orvalho na manhã ensolarada?
Pelo retrovisor, a tristeza que diminuía quanto mais avançava de encontro ao sol.
Cada vez menor, até sumir na linha do horizonte.
Um sorriso inesperado dançando em meus lábios .
Um desejo incontido de ser e fazer feliz.
Por que não hoje?
Agora?
??

segunda-feira, abril 11, 2005

Desassossego

Sempre que passo por aqui, tenho a nítida impressão de estar entrando em terreno obscuro e desconhecido.
Depois de algum tempo, olhos já acostumados, começo a perceber palavras e frase que se juntam fazendo algum sentido.
Muito embora eu saiba que este espaço é meu, sinto como se não pertencesse a ele, ou ele a mim .
Desassossego, este meu companheiro...
Eis-me então cansada dos embates, castigada pelo cansaço, e ainda perdida.
Não é de minha vontade que assim pareça , muito embora isso deva ser mesmo um lamento.
Meus olhos turvos quase não distinguem as teclas, e o choro é como águas represada.´...
Abertas as comportas, ele vem aos borbotões.
Inunda, invade, arrasa.
Chove essa chuva insana, que não cessa dentro de mim.