quarta-feira, abril 21, 2004

Crescendo

É bem verdade que o sofrimento e a dor acabam nos ensinando coisas novas.
Coisas da vida, de nós mesmos.
Coisas das quais muitas vezes não nos dávamos conta antes.
Comigo tem sido assim.
Estou bem.
A dor de se perder um ente querido não se supera, nunca.
Aprendemos a conviver com a falta, a ausência.
Aprendemos que esta é enfim, a ordem natural das coisas, e que sempre haverá um iní­cio e um fim para tudo.
Mas a dor ... na realidade, dá espaço a uma saudade que com o tempo, somente com ele, se torna tranquila e serena.
É como uma cicatriz que não se apaga, e permanece sempre para nos fazer lembrar.
Foi a primeira vez que perdi alguém tão próximo.
E a verdade é que isso tudo me fez pensar sobre a fragilidade da vida.Sobre a minha própria.
Me fez repensar alguns conceitos, reavaliar comportamentos e atitudes.
Há tantas coisas que eu gostaria de ter dito e feito...tantas.
Mas é tarde, e eu sei que fiz a minha parte.
Sei que estive ao lado dela incondicionalmente, e que dentro do possí­vel contribuí­ para que seus últimos momentos em vida fossem um pouco mais suportáveis.
Fica a lição, quase como que uma advertência.
Amar.
Perdoar.
Compreender.
Aceitar.
Relevar.
Amar ainda mais.
E sempre, sempre, recomeçar.
A vida é enfim um eterno recomeço.
Nascemos e morremos um pouco a cada dia.
E reside em nós a resposta a tantas dúvidas e questionamentos, basta que se abram olhos , mente e coração.
Há que existir a disposição, a vontade.
E muitas, muitas vidas podem ser transformadas.
Pela vontade e desejo de um só.
Hoje, como todos os dias, eu morri um pouquinho, e chorei.
Mas também renasci outro tanto, e sorri.
É o ciclo que se completa e renova a cada dia.
Dádiva divina, ou não.
É bom... muito bom estar aqui.

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