terça-feira, junho 28, 2005

A porta aberta

Tem vezes que é difícil ler algumas coisas.
tem vezes que o nó na garganta aperta, e a lágrima teima em querer rolar.
Tem vezes que você lê o pingo e a entrelinha.
Você vai além, e parece que há uma porta entreaberta, onde as letras todas se reúnem e acenam, saltitando ao redor dos acentos.
Elas convidam , atiçam...
E você vai, vai além...
atravessa a porta e descobre fendas e espaços.
Onde as letras se agarram umas às outras despudoradamente num louco frenesi.
Você enxerga então, muito mais do que queria
E compreende mais, bem mais do que supunha
As letras malditas - você pensa...
A pregar peças, ensaiando passos e sugerindo estórias aos olhos do seu coração.
Malditas, malditas, malditas.
As lágrimas já sem parcimônia embaçam sua visão,
E quando você se dá conta a porta se fechou.
Mas você ainda pode ouvir o borburinho das letras, rindo-se de sua agonia.
Você vira a página, e elas se foram...
Bendita a visão que ficou.
A lembrança da porta aberta, e tudo que ela contou.

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