A vida urge

Há pouco tempo descobrimos que minha avó, hoje com 79 anos, está com câncer no esôfago, que já atingiu estômago e fígado.
Sem nenhum sintoma aparente, a doença só foi descoberta porque decidimos investigar uma queixa frequente de azia.
A descoberta deixou-me triste, e perplexa:em apenas 12 dias, ela emagreceu quase 10 quilos.
Debilitada pela perda muito rápida de peso, o médico decidiu-se por uma intervenção cirúrgica de emergência para que seja inserida uma sonda que possibilite a sua alimentação sem que isso piore seu estado, que era o que vinha acontecendo.
Sempre que comia, ela piorava.
Hoje, vendo-a tão frágil e abatida, percebo uma vez mais minha pequenez diante da vida. E isso me deixa atônita e desesperada.
Ninguém nem faz idéia do quão perdida eu me encontro.
Afinal, não sou eu a imagem da própria força?
A cirurgia está agendada para a próxima sexta-feira, e se tudo correr bem ela deverá receber alta na segunda-feira.
Devemos nos revezar - eu, minha mãe e minha irmã - enquanto ela estiver internada.
Eu ficarei com ela sexta o dia todo e a noite toda, só voltando no sábado.
Estou nervosa, ansiosa. Depende desta cirurgia, o rumo que o tratamento deverá tomar doravante.
Não consigo dormir, só pensando nisso, e isso tem me deixado com os nervos à flor da pele.
E esse é o motivo de minha ausência - e silêncio - nos últimos tempos.
Entre consultas e exames, passaram-se dias de muita apreensão.
Não tenho ânimo para escrever, sequer para ler. E sei que preciso saber lidar com a situação de maneira adulta e racional. Mas ser racional quando o assulto é a vida de um ente querido, é muito, muito difícil.
Juntando-se tudo isso à mudança quase que forçada de endereço do blog, acabei perdendo o ânimo para blogar.
Mas hoje eu precisava desabafar.
Eu precisava.
Meu carinho, e meu muito obrigada à vocês que, aí do outro lado da tela me lêem, entendem, e solidarizam-se. Fico pensando na sorte que tenho por vocês existirem...
Eu volto para trazer notícias.