sexta-feira, abril 16, 2004

Quando...

Quando eu me for
Desta para aquela que acredito ser melhor
que não se enterre comigo a chance de fazer algo bom.
Dêem-me , por favor,
A chance de fazer na morte, quem sabe aquilo que não pude - ou não fui capaz de- fazer em vida: mudar a vida de alguém.
Aquilo que de bom e útil restar em mim, que seja doado.
Tudo.
Todo e qualquer órgão vivo e saudável.
Sem velamento e infindáveis e dolorosas despedidas, por favor.
Estarei bem. Muito melhor que muitos daqueles que aqui permanecerão, tenho certeza.
Ñada de ostentosas coroas de flores, e faixas com dizeres de saudades póstumas. O caixão - já que se há de cumprir as formalidades, e o corpo deverá ser enterrado (até mesmo porque cremar é muito mais dispendioso) - que seja o mais simples e humilde possível. Nada de aparatos inúteis e muito menos livro de presenças.
A presença, isso eu peço a todo aquele que me quer bem: que ela se faça enquanto eu ainda estou neste mundo, enquanto ainda respiro.
Se tenho este direito, eu só peço a você que me deixe saber que me quer bem enquanto ainda estou viva.
Me dê sua mão... me dê cá seu carinho e abraço, que é agora, enquanto ainda luto para me manter neste mundo que eu mais preciso deles, e não quando eu me for.
Ligue, escreva, apareça para aquele café - e para o papo que nos - me - faz tanto bem.
Me dê um sinal, um sinal apenas, qualquer que seja, de que minha passagem por este mundo não terá sido em vão, e me darei por satisfeita.
Estarei sempre aqui, caso você venha.
Mas não se aborreça, ou desista, se ao procurar-me você não me encontrar.
Há muito para ser feito, para ser dito, para ser vivido ainda...
E quero fazê-lo antes que seja tarde.
Poderei estar indo ao seu encontro...quem sabe??

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